Matéria: substantivo feminino. Aquilo que ocupa o espaço; o conteúdo em contraposição à forma.

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O Tempero

Este espectáculo é um jogo de objectos, um desfiar de muitas histórias fragmentadas, um emaranhado subterrâneo que determina o nosso dia-a-dia.

Aqui aprendemos a liberdade, a cozedura, aqui abolimos os relógios e dilatamos a data.

As Anas transitam entre personagens: uma mulher que se desdobra,

ou várias que se juntam para fiar as histórias de outras mulheres que passam e atravessam os corpos, os objectos, as vozes, as gerações.

O espaço é tanto uma cozinha, um atelier, um altar, um laboratório. Passamos por tarefas, perguntas, pelo dia-a-dia refugado,

solucionado por filosofia próxima e concreta.

O TEMPERO é uma invocação. Uma longa espera e tudo o que cabe nela.

Será a espera o lugar das revoluções mais silenciosas?

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Em Novembro de 2021 iniciamos o processo de construção do espectáculo O TEMPERO a partir da Residência de investigação com condução da encenadora Ana Woolf.

Dia 1: Aperitivo. Num caldeirão junta-se forma, textura, temperatura, sabor, cheiro. A linguagem pode ser sugestiva murmurada, caótica, rítmica, sensual, excitante, abominável, repugnante.

Dia 2: Secretum. Coisa que não deve ser sabida por outrem. O íntimo, o âmago, a medula, o centro, o foco, o ponto essencial, o espírito, o espectro, o fantasma das nossas ancestrais.

Dia 3: Sopa. Arder no impulso luminoso, químico. Incitar as fagulhas a dançar a partir do que queima por dentro: desejo. Flamejantes os sentidos. Flambar o delírio e comê-lo. Depois queimar.

Dia 4: Prato Principal. Comer com os olhos. Vasculhar os sentidos, tocar o sabor. Comer, de dentro para fora: acção física. Movimento, mudança, transformação, mutação, transmutação: dramaturgia do corpo.

Dia 5 - Digerir: percorrer atentamente. Picante, salgado e doce. O início ou o fim? Salgado, picante e doce. Doce, picante e salgado. Redundância ou abundância? Lembrar e nunca esquecer. Vasculhar os sentidos, tocar o sabor.

Em Dezembro de 2021 estivemos em criação com Matilde Real, dramaturga convidada para estruturar as LINHAS FIXAS do espectáculo a partir da curadoria de referências e bibliografias e da produção textual. De Janeiro a Maio de 2022, com ensaios mensais, encontramos as LINHAS GERAIS que guiam esta nova criação, que pretende ser um espectáculo de teatro narrativo, cozinhando temas como microviolência, lugares de poder, sororidade, estruturas sistémicas e, por outro lado, o tempo, a produtividade e a criação de valor. Em Setembro de 2022 os ensaios tornam-se diários, culminando na residência artística e estreia do espectáculo no Espaço do Temp, no dia 22 de Outubro.

Esta investigação encerra-se com a estreia do espectáculo, que decorre no dia 22 Outubro de 2022, em Montemor-O-Novo e com os encontros MULHERES CRIADORAS, MULHERES VISÍVEIS, uma acção de investigação entre ciclos, ou seja, que propõe a finalização do processo de montagem d´O TEMPERO e dá início ao processo de investigação da próxima montagem da Algures (2023).


Ficha Artística

Um espectáculo d'A ALGURES

Texto: Matilde Real | Direcção: Susana Cecílio | Co-criação: Ana Sofia Santos, Anabela Ribeiro, Matilde Real, Poliana Tuchia e Susana Cecílio | Interpretação: Ana Sofia Santos, Anabela Ribeiro, Poliana Tuchia | Dispositivo Cénico: Nuno Borda de Água e Susana Cecílio | Desenho de Luz: Nuno Borda de Água | Costureiras: Isabel Amaral, Lisete Coelho e Sónia Coelho | Sonoplastia: Poliana Tuchia | Paisagem sonora: André Xina | Produção: Thalita Araujo | Assistência de Produção: Ana Pinto | Fotografia: Beth Freitas | Assessoria de Imprensa: Levina Valentim | Pesquisa de Máscara: Elisa Rossin | Música: Ava Rocha, João Pires e Tchaikovsky | Desenhos de ensaios: Renata Bueno | Identidade Visual: Susana Malhão

Residência de investigação (Monte do Palminha em Novembro de 2021): Condução: Ana Woolf Artistas convidadas: Ana Sofia Santos, Ares Pipolo, Beth Freitas, Carolina Correa, Julia Stubrin, Malén Videla Gonzalez, Poliana Tuchia, Susana Cecílio, Teresa Lanita

Apoios: Município de Montemor-o-novo, Monte do Palminha, Grupo Eufémias, Operação Nariz Vermelho e Espaço Evoé.

Residência de co-produção e estreia: O Espaço do Tempo

Condições de Produção